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A identificação de um inimigo comum, real ou até mesmo forjado, razão no primeiro caso, subterfúgio para salvar governos no segundo, alicerçou históricas alianças nacionais para o apaziguamento interno. Foi e é natural aos coletivos de qualquer dimensão, pois é esperado que cesse a briga entre semelhantes quando estes, em conjunto, se percebem ameaçados por algum fator ou ente externo. Assim se dá, e se deu em clãs, tribos, cidades, famílias, empresas, instituições, e por aí vai.
O fenômeno das súbitas uniões sempre teve a sobrevivência como premência, a fazer não desaparecerem as diferenças, mas serem relegadas à desimportância, ainda que momentânea, diante do perigo do perecimento ou da submissão às ameaças estrangeiras, catástrofes naturais ou o que fosse que estivesse ameaçando ao grupo antes em insana, desmedida e até sangrenta agressão mútua.
O perigo a materializar a oportunidade. Exatamente o que nos acomete agora.
As infelicidades da ameaça que aqui, agora, vou vislumbrar única e exclusivamente pela perspectiva brasileira, ainda que não sejamos a única nação sob risco (mais ou menos fatal, ao sabor das opiniões) trazem consigo o ensejo para a, momentânea nem que seja, parada.
O silêncio nos berros, nos descréditos, nas dissimuladas compreensões travestindo o deboche como ódios ocultados por biombos de frieza da parcialidade, como se todos nós não andássemos nas mesmas calçadas, agora tão amedrontadoras.
O calar é para ouvir, não para engolir sapos ou reconhecer derrota por qualquer dos lados, sejam eles quantos forem. Ouvir, sobretudo, aquilo que é imparcial, mas embasado na contemplação dos fenômenos, seu relato, conhecimento à exaustão máxima humanamente possível, logo a tal da ciência.
Se o problema é a sanha beligerante, a energia contida pelos freios inibitórios sociais (e legais), agora, imediatamente, de já, há inimigo merecedor de tamanha e tão poderosa, tanto quanto contundente, fúria: a doença.
O biólogo inglês Thomas Henry Huxley, há dois séculos afirmou que "tamanho não é grandeza e território não faz uma nação", asseverando desde então, com propriedade, o quão necessária é a maturidade, e assim a perfectibilizada racionalidade para a concepção de um povo que, unido, constrói potencialidades e sobrevive.
E nós aqui, com dimensão geográfica continental, população bastante a alicerçar vários exércitos, com um desejo de luta latente e até explícito, tanto, que observado todos os dias nas ruas (enquanto podíamos andar nelas). Tudo até agora empregado no autoflagelo, pois sempre direcionado aos nossos.
Eis que o inimigo, mais que merecedor, carecedor de todas as nossas energias unidas se apresenta, nos ameaça e nos afronta em nosso território.
Aproveitemos.